domingo, 12 de julho de 2020

Eu sou a (próxima) lenda!

                Anualmente, em todo mês de junho (exceto em períodos de pandemia), acontece o NBA Draft. Trata-se de um evento no qual os times da NBA escolhem jogadores de fora da liga para compor seus times. Este evento marca a possível ascensão ao estrelado para dezenas de jovens jogadores que decidem tentar um futuro na maior e melhor liga de basquete do mundo. Para as equipes, o evento representa a escolha de possíveis rostos a serem estampados em outdoors, de propulsores de venda de camisas mundo afora, de personagens que motivam a cobrança de ingressos com preços estratosféricos. Mas lógico, tais rostos serão pagos somas “obscenas” em salários.

                Os fatores que tornam um rapaz uma estrela do basquete podem até ser fáceis de enumerar, mas são igualmente fáceis de se identificar em um indivíduo específico sem a convivência e o tempo necessários para conhecê-lo. Não são raros os casos em que abusos de drogas, problemas psicológicos, crimes, perda de motivação, problemas de temperamento e personalidade, e casos de doping que ocorrem ao longo da carreira de um jogador. Portanto, os times precisam criar mecanismos para identificar tais atributos, e diferenciar uma estrela em potencial de um jogador para composição de elenco.

                Cada indivíduo possui atributos favorecem ou não a excelência no basquete. Para organizar o raciocínio, vamos dividi-los em dois grupos: os fatores individuais que têm pouca ou nenhuma maneira de serem manipulados pelos atletas, tais como etnia, sexo, altura e envergadura são chamados de índices; e os outros que são mais suscetíveis à manipulação como personalidade, motivação, e habilidades são chamados de sinais. Apesar de os índices serem importantes, são os sinais que vão influenciar de maneira mais marcante, jogo após jogo, se o atleta fará aparições constantes no time em quadra, ou se esquentará o banco. O problema é quando saber se um sinal reflete performances de uma lenda do esporte, ou quando se trata de uma manipulação sutil para parecer melhor do que se é.

                Na tentativa de decodificar os sinais enviados pelos atletas o mais rápido possível, os times contratam profissionais muito bem pagos, os chamados scouts, que tentam continuamente decifrar esse enigma. Os jogadores se apresentam para fazer uma bateria de testes físicos, de testes de habilidades, e participam de jogos de pré-temporada, tudo de forma a sinalizar sua competência se tornarem “a cara” do time.

                Mas apesar de seus esforços, as reais capacidades dos atletas só serão observadas quando a bola subir em um jogo oficial. Após cada jogo, de acordo com a performance do escolhido, as expectativas dos seus chefes são adaptadas de forma a refletirem seu desempenho, pois eles acumularão mais informação sobre os atletas. Assim, dependendo dos acontecimentos, as equipes ajustarão os salários oferecidos ao jogador conforme suas habilidades vão sendo reveladas.

                Assim, a forma com que os jogadores decidem apresentar as informações sobre si podem afetar decisivamente a escolha de um time numa noite de junho, e por conseguinte, definir o rumo de suas carreiras quase que para sempre. A ideia econômica aqui é justamente a da sinalização, que é utilizada pelas pessoas para criar formas de diferenciarem das demais e indicar suas aptidões, preferências e intenções.


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