Logo na entrada, os frequentadores são recepcionados por um detector de metais e seus pertences passam por revistas similares ao que se é realizado em aeroportos, além de presença constante de seguranças aparentemente armados. Normalmente, isso descreveria perfeitamente a entrada de uma prisão ou de alguma embaixada americana, onde a segurança precisa ser levada ao grau mais alto possível. No entanto, esse cenário ocorre em Richmond, colégio de ensino médio do filme Coach Carter.
Na
trama, Ken Carter, um ex-estudante e ex-jogador do time de basquete da escola
retorna como treinador para tentar elevá-lo a outro patamar. Mas Carter tem a
difícil missão de treinar um grupo de jovens inquietos e aparentemente bastante
indispostos a seguir qualquer regra estabelecida. Assim, o coach Carter utiliza
suas melhores armas para realizar o trabalho da melhor forma possível.
A
primeira delas consiste num contrato no qual se comprometem a manter uma nota mínima,
vestir paletó e gravata durante aulas e dia de jogos, assistir à todas as aula
e sentar na primeira cadeira durante as aulas. A premissa básica é a de deixar
clara as regras de interação entre o grupo, de forma a incentivar
comportamentos virtuosos por parte dos garotos. A ideia de que “se os rapazes
não conseguirem cumprir um simples contrato do time de basquete, quanto tempo
levará para quebrar a lei?” é então implantada.
Segundo,
coach Carter é simplesmente implacável e irredutível com comportamentos que
violem quaisquer das regras usadas por ele para dirigir o time. Caso algum dos
atletas descumprisse as regras do contrato ou alguma regra implícita definida
por ele, o primeiro seria submetido a punições em forma de carga adicional de
exercícios tanto para o time todo, quanto para o infrator. Em um caso extremo,
como grande parte do time não havia cumprido o contrato assinado, ele opta por
suspender o time inteiro por certo período. Cabe também mencionar que em dado
momento, Carter pune seu filho por um atraso acidental, mostrando que não
haveria tratamenta privilegiado a nenhum membro da equipe, e que todos seriam
tratados como iguais.
Outro
fato interessante é o de que Carter não é uma pessoa qualquer. Como ele mesmo
diz, suas credenciais estão estampadas na parede do ginásio como reconhecimento
de seu mérito como atleta. Carter também conseguiu uma bolsa de estudos para
uma boa universidade, fato raro dentre os egressos de Richmond. Ele sabia usar
a força quando necessário, e sabia argumentar e defender seus princípios, sendo
então exemplo de que quando o líder mostra virtude , menor a necessidade de
força e coerção para fazer valerem as regras do jogo perante os liderados.
Agora
realizando a usual aplicação à ciência econômica, a história descrita suscita a
importância das instituições. Resumidamente, instituições são as regras
explícitas (geralmente expressas em forma de leis e normas), implícitas (costumes
e cultura) e a capacidade de fazer valer tais regras (enforcement). Em outras
palavras, instituições como as regras do jogo. No momento em que Carter
adentrou o ginásio para treinar o time, ele estabeleceu o conjunto de regras
através dos quais os jovens deveriam seguir para se tornarem elegíveis para
jogar, gerando um ciclo virtuoso de hábitos e costumes que disciplina, trabalho
árduo e respeito.
O
filme ilustra como os mesmos indivíduos, no caso, os jogadores, submetidos a
instituições forte podem apresentar resultados completamente diferentes. A
criação e o cultivo de incentivos que valorizem as virtudes aqui descritas
tendem a gerar resultados melhores do que instituições fracas e que moldam
negativamente as relações entre os indivíduos (tal como eram as regras antes de
Carter assumir o time). É importante frisar que implantar tais instituições
virtuosas não aconteceu de imediato, tampouco sem atritos, mas que ao fim,
ensinaram os jovens a jogarem como vencedores, agirem como vencedores e se
tornarem vencedores.
Parabéns pela sua abordagem ap tema
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