Imagine frequentar um lugar no qual você pode, com uma mensalidade bastante acessível, fazer curso de vários instrumentos musicais, inclusive canto. Sim, é tipo uma Smartfit da música, na qual você gira a roleta e pode escolher qualquer curso de música oferecido pela escola. “Revolucionária”, “única”, “extraordinária”, entre outros, são adjetivos comumente exclamados por aqueles que ouvem a proposta pela primeira vez.
Sabemos
muito bem que não basta ter uma grande ideia, sua execução também precisa ser grandiosa.
No caso da Musiflex (seu nome), posso afirmar como aluno, que a execução foi
tão grandiosa quanto a ideia. Jamais faltavam esforços para que todos os estudantes
tivessem todo o suporte necessário. Importante ressaltar, a escola é dirigida
por uma família de sonhadores que queriam, como o próprio slogan dizia, “democratizar
o ensino da música”.
Imagine
também você frequentar um lugar onde, apesar de ser moldado como uma escola
tradicional, você conta com todo o amparo necessário para para que seu
aprendizado seja maximizado, seja ele técnico, material ou emocional. Ao
adentrar a BSB Musical você poderia sempre esperar ser recebido de braços
abertos por funcionários, professores e outros alunos. Além disso, poderia
esperar o que havia de mais moderno em termos de plataformas digitais, diversas
modalidades de matrícula, muita presteza e disposição.
Musiflex
e BSB Musical contavam com um auditório realmente invejável e salas de ensaio
para que os alunos pudessem interagir e aplicar os conhecimentos aprendidos.
Além disso, ambas tinham algo que era incomum e em comum: o ambiente não se parecia
em nada com o de uma escola ordinária, mas sim como uma extensão daquela
família de sonhadores. Nelas, se o seu nome é João, para eles você era o João,
a pessoa, e nunca apenas mais um aluno pagador de mensalidades. Estar num
ambiente como esse possibilitava conhecer pessoas que cursavam os mesmos ou outros
instrumentos, tornando a aprendizagem mais orgânica, quase como morar num país
para aprender um idioma.
No
entanto, com muito pesar, neste dia 2 de outubro de 2020 as histórias de mais
de trinta anos da BSB Musical e 5 anos de Musiflex chegaram ao fim.
Como
é bem sabido de todos, os tempos de pandemia são implacáveis e já fizeram
várias vítimas, tanto vidas com em vidas. Assim, apenas os melhor adaptados sobrevivem.
No caso, ambas as escolas não mediram esforços para se adaptarem ao novo
contexto: houveram vários descontos e promoções, foram experimentadas não uma
mas várias formas de realização de aulas virtuais e o máximo de cuidado ao
retornarem com as aulas presenciais. No entanto, o aumento da inadimplência e a
queda de frequentadores devido à crise vitimaram ambas.
De
forma bastante implacável, empreendedores precisam aprender a viver num
ambiente de constante adaptação à riscos e incertezas. Principalmente num lugar
aonde o padrão ouro é a garantia, tranquilidade, a estabilidade do setor
público, tais pessoas merecem todos os aplausos por enfrentarem o desconhecido.
Embora
realmente possam haver por aí empresários “do mal” ou seja lá o adjetivo que queira
empregar (estes, em geral são os rent
seekers, em economês), antes de simplesmente bombardearmos as pessoas que
dedicam o máximo de suas vidas à manter um negocio, é preciso reconhecer
aqueles que trabalham para oferecer os melhores produtos e serviços, encarando
essa difícil tarefa. Não é sobre dinheiro, é sobre lutar a cada dia para manter
um sonho vivo e ao mesmo tempo possibilitar o sonho de outros. Por isso, a mentalidade
antiempresarial indiscriminada, fruto da perpetuação de uma ideia ultrapassada,
irrealista e preconceituosa, nos impede de avançar como povo e nação. Caso
continuemos cultivando tal mentalidade, a pobreza no país realmente terá um passado
brilhante e um futuro promissor.
Se
por um lado, este é um texto que eu jamais gostaria de ter escrito por ser
relacionado à tamanha perda, por outro, não poderia deixar de prestar esta singela
homenagem e tentar fazer com que a longa trajetória e a triste retirada desses
empresários do bem jamais seja em vão. As escolas podem ter deixado de existir
fisicamente, mas elas sempre viverão na memória daqueles que tiveram o prazer e
a honra de fazer parte daquela família.
Foram
muitos eventos, estudos, momentos... à todos os funcionários, professores, e
aos donos, o meu muito obrigado não apenas pelos serviços, que podem ser parcialmente
substituídos, mas também pela história de vida que vocês proporcionaram à mim e
à milhares de outros estudantes ao longo dos anos, e isso sim é insubstituível.
Até sempre.
Este é a dura realidade pós pandemia, teremos que nos adaptar, criando uma Nova relação aluno / escola. O que nos acalenta é que NADA é pra sempre e novos horizontes estão por vir.
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