Ninguém
é perfeito, é verdade, mas com tantas pessoas neste mundo, a verdade é que provavelmente
existe por aí outra pessoa que é perfeita pra você e você para ela. Todos os
atributos nas listas de desejo de ambos seriam mutuamente satisfeitos e vocês
viveriam felizes para sempre. Mas a realidade é bastante cruel. É preciso
aceitar que as chances de vocês se encontrarem no exato momento em que estão
dispostos a se “amarrar” a alguém não é impossível, mas é altamente improvável.
Se
a realidade não é dura o suficiente, os economistas só pioram as coisas ao
tentarem entender o mundo e as decisões das pessoas baseadas na insensível
análise de custo-benefício, e é justamente o que será feito aqui.
Ao
decidir continuar a procura pelo par perfeito, o benefício, obviamente, é o de
justamente encontrá-lo e viver a vida dos sonhos, enquanto que os custos podem
ser sintetizados no chamado custo de procura, que cabe um pouco mais de detalhe.
Ao decidir continuar a busca, você está, sobretudo, na mira do relógio
biológico, que afeta, entre outras coisas, a possibilidade de ter filhos e o seu
valor nos mercados de beleza e saúde. Você também incorre no custo de solidão, isto
é, você está deixando de produzir a narrativa da sua vida ao lado de alguém. Também,
outro ponto é o risco de dispensar bons potenciais candidatos em troca de
outros não tão bons. Por fim, você precisa investir tempo, dedicação e finanças
em conhecer outras pessoas.
Por
outro lado, ao decidir deixar a procura e se estabelecer com alguém, você terá
os benefícios de aproveitar o relógio biológico, de ter mais tempo para cultivar
uma narrativa, e terá alguém para “curar” sua solidão. Os custos da união são
os de possivelmente encontrar o tal par perfeito e não poder se relacionar com
ele, ou de futuramente encontrar alguém que você considere mais compatível com
suas preferências quando comparado com o par escolhido.[2]
Então
a pergunta essencial que afeta o problema de encontrar o par perfeito é: quando
parar de procurar este alguém perfeito e aceitar alguém menos que perfeito?
O
dilema é excruciante, mas nem tudo está perdido. Assim como Sean Maguire em
dado momento do filme diz “eu conhecia cada idiossincrasia dela, e ela, as
minhas, e é isso que a tornou minha esposa” podemos fazer uma analogia com o
conceito econômico chamado capital humano específico de uma firma. Posto de
forma reduzida, o conceito diz que quando um bom empregado trabalha muito tempo
numa única firma e conhece cada pequeno detalhe dela, ele se torna muito mais valioso
para esta firma do que para qualquer outra, e vice-versa. Portanto, ao usar esta
ideia, o objetivo não é mais encontrar o par perfeito, mas sim alguém bom o
suficiente para que, ao longo do tempo, vocês se tornem as melhores opções possíveis
um para o outro.
[1] Good Will Hunting, no
original.
[2]
Seja por decidir continuar a busca ou por estabelecer-se, é óbvio que existem
outros fatores mais detalhados que podem influenciar a escolha, mas para evitar
que o texto se torne um tratado, eles não serão considerados.